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Como é o Turnaround?

Negócio foto criado por mindandi - br.freepik.com

Como é o turnaround?

Após alguns projetos de turnaround feitos em grandes empresas familiares, algumas que foram líderes de seus mercados, notei que independentemente dos setores em que elas atuam, hábitos ruins que surgem nos momentos de crise relacionados com a administração da empresa são comuns em praticamente todos eles e se agravam conforme a crise se alastra, gerando descontrole, “incêndios”, conflitos de liderança e societários e elevam o custo de capital a um patamar bem oneroso.

Empresas que crescem desordenadamente não enxergam os problemas que a falta de controles e métricas pode trazer, talvez porque a operação possui vantagens competitivas e muitas barreiras de entrada para novos concorrentes; talvez o mercado carente proporcione ótimas margens; talvez pela entrada de dinheiro novo. Neste momento de crescimento, as falhas que representam um perigo iminente mal fazem efeito, estão ofuscadas pela quantidade de caixa positivo e tudo parece ir maravilhosamente bem.

Todavia, conforme a empresa atinge seu estado de maturação, o mercado no qual ela atua torna-se, provavelmente, mais competitivo, mais tecnológico, com margens reduzidas, exigindo, portanto, melhor qualidade das entregas, enquanto as dificuldades de controlar a empresa – que agora está grande – custam mais caro do que antes e não demora muita para que o empresário se veja no meio de um ambiente cheio de combustível prestes a explodir. Nesse momento, existem grandes chances de a empresa apontar para o declínio.

Tão comum quanto a trajetória das empresas em crise, marcada pelas fases de desenvolvimento, crescimento, maturação e declínio, é o dia a dia do empresário em crise. Sempre ocupado, sem tempo para nada, apagando incêndios e se fixando apenas no fluxo de caixa. Nessa hora, provavelmente, a empresa já não consegue arcar com o peso das despesas fiscais; há inúmeros fornecedores descontentes, entrando em contato incessantemente para cobrar sua dívida; compras agora, apenas a vista; falta produto para atender os clientes; há dificuldade de manter a produção planejada e a falta de estoque mínimo eleva os custos com frete e aumenta a ineficiência de fábrica. Além disso, o número de reclamações no SAC da empresa por produtos defeituosos vai as alturas; é comum ocorrer execuções judiciais que atingem diretamente o patrimônio da firma e até mesmo do empresário; e como se não bastasse, a perda do controle de informações já não permite mais saber como a empresa realmente se encontra. Quando se está perdido, qualquer caminho serve. Então, The million-dollar question is como se prevenir/remediar essa situação?

Muitas vezes os proprietários estão viciados na forma de enxergar sua própria empresa e se faz necessário clamar por ajuda externa, sem vieses, que proporcione esmiuçar o negócio e criar o plano estratégico adequado que apresente métricas comparativas para saber se o caminho atual é o correto. Esse é o papel de uma consultoria externa de reestruturação.

O trabalho de turnaround se inicia com uma análise minuciosa da empresa, na tentativa de encontrar gargalos, excessos, inconsistências, riscos e pontos que merecem melhoria. As seguintes perguntas devem ser feitas e respondidas com base racional: Minha equipe é qualificada? Devo cortar produtos do meu portfólio? Minhas margens de contribuição estão confiáveis? Minhas vendas estão lucrativas? Para quem devo deixar de vender? Como reduzir o custo financeiro com descontos de duplicatas, fomentos, comissárias se a relação com os fundos e bancos já está um tanto quanto abalada? Criar uma UPI para levantar recursos? Faz sentido utilizar a recuperação judicial?

Na segunda fase, já entendida a situação da empresa, monta-se um plano estratégico, com prazos bem definidos, metas e análises comparativas. Momento, este, que não se pode perder tempo. O custo financeiro da empresa não permite tempo perdido. Além disso, será necessário alta competência de negociação com fornecedores e credores para encaixar o endividamento constituído no passado dentro da projeção de caixa e conseguir aumentar os prazos de pagamento. Essa fase geralmente leva um período bem mais longo do que a primeira e é crucial para o sucesso da reestruturação.

A terceira fase do processo de turnaround é mais tranquila, a empresa já recuperou suas margens, os prazos com fornecedores, a dívida está negociada, o custo de capital reduzido e a produção está toda encaixada e agendada. Métricas, controles e KPIs foram criados e a equipe já está alinhada e remando para o mesmo lugar. Nesse momento, faz sentido avaliar a possibilidade e o interesse do acionista em um M&A. Além disso, é nesse momento que se enxerga o sucesso do projeto, hora quando se está apto a devolver o controle da empresa para o acionista ou contratar um profissional de mercado para assumir o comando.